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    Numa altura em que se procura alternativas para a diminuição da dependência energética no nosso país que está marcada pela utilização de combustíveis fósseis, o investimento em sistemas que utilizem como energia primária recursos naturais e “limpos”, faz com que se esteja a contribuir em grande escala para um desenvolvimento equilibrado baseado em três grandes pilares: Ambiental, Social e Económico.

 

    Atualmente é possível instalar um sistema FV numa habitação (miniprodução) ou empresa (microprodução) e produzir energia. A microprodução- produção de energia em pequena escala, destinada a clientes com instalações de BT – foi responsável em Portugal por 117 GWh no ano de 2013, valor que ultrapassou em larga escala o registado em 2012. Nestes sistemas tudo o que se produz tem que ser vendido à rede pública, a uma tarifa bonificada, e adquirido pelo comercializador de último recurso (CUR). As tarifas feed-in (FiT) foram arquitetadas para fortalecer o investimento em tecnologias de fonte renovável que à medida que se demonstram mais desenvolvidas sofrem uma diminuição, situação que se tem verificado desde 2001. Contudo, vários modelos de remuneração mostram que esse valor recebido é relativamente baixo quando comparado com o valor médio do consumo. Quem aposta nestas atividades, com as tarifas em vigor, recebe pouco por vender a energia e consequentemente poupa menos, demora mais a amortizar o investimento inicial, o que desincentiva desde logo o consumidor.

 

    Como resposta a este problema, a solução passa por sistemas que possibilitem a produção de eletricidade para consumo próprio e venda para a rede do excesso de eletricidade, conhecido por Autoconsumo fotovoltaico. Esta situação que pode-se aplicar a nível residencial, industrial e comercial. A eletricidade produzida irá minorar ou até mesmo eliminar a compra à rede elétrica. O net-metering é um modelo alternativo que ajuda a promover o autoconsumo. Se o balanço energético for positivo, isto é, se a geração for maior que o autoconsumo, é feito uma compensação fisica do valor produzido sobre o consumido durante um certo período (ano/mês/dia/hora).  A constante subida dos preços de eletricidade, redução de subsídios e redução dos preços dos painéis faz com que o Autoconsumo apresente ser uma boa aposta para o futuro. Isto vai permitir que o consumidor deixe de ver a sua instalação como um investimento financial pesado e passe a ver como uma forma de poupança energética.

 

    Todavia ainda não existe em Portugal uma base legal para o Autoconsumo. Está em estudo uma nova legislação que irá substituir os atuais mecanismos de remuneração associados às micro e minigeração e regular o autoconsumo de energia elétrica. Os pontos principais que estão a ser alvo de análise pela Secretaria de Estado da Energia são os seguintes: recompensa ou não pelo excesso de eletricidade gerada e injetada na rede, pagamento ou não de impostos pelo prosumer (consumidor + produtor) para acesso à rede elétrica. Existem dúvidas sobre a viabilidade dos modelos que poderão vir a surgir contudo a nova lei terá de ir ao encontro dos interesses dos consumidores, uma vez que a opção de instalar um sistema de autoconsumo passa pelo mesmo. Este método não é nada mais do que dar a opção de escolha ao consumidor de poder adquirir energia mais eficiente com a simples instalação local de painéis fotovoltaicos. O prosumer, com esta mudança de paradigma de utilização da rede elétrica, passará a ter um papel mais ativo sobre os preços tarifários dos comercializadores. 

 

    Vários países europeus tem promovido para o desenvolvimento destes mecanismos. Em alguns casos, apostaram em modelos de net-metering como a Bélgica, Dinamarca, Hungria e Holanda enquanto que outros fomentam o consumo instantâneo da eletricidade produzida como por exemplo a Croácia, Italia, Espanha e Reino Unido. Em termos gerais, os modelos implementados nestes países mostram que para garantir a sua sobrevivência é necessário um apoio financeiro (e legal!) que vá ao encontro de todos os intervenientes do sistema.

 

     Dito isto, o tema desta dissertação surge numa altura em que se aguarda por uma lei que regule a produção para consumo próprio. Se não sair em breve ou então se acarretar demasiadas complicações (impostos, incentivos pouco atrativos...) teme-se que o setor fotovoltaico fique estagnado. Pretende-se criar diversos modelos com as respetivas variantes que permitam clarificar o que cada agente do sistema recebe e/ou paga por este serviço e no fim analisar a sua viabilidade. 

 

Enquadramento e Motivação

Objetivos

     O objetivo desta dissertação é definir casos de uma produção típica fotovoltaica (BT e MT) e desenvolver modelos de remuneração para um período de vários anos, para os diversos mecanismos de remuneração de autoconsumo. Para tal, vai ser necessário avaliar os benefícios de cada um dos modelos para os diversos agentes bem como, para a sustentabilidade do setor fotovoltaico nacional. Pretende-se também definir cenários de evolução dos preços das tecnologias e dos preços de eletricidade bem como para outras variáveis que afetam o investimento. No fim, com base nas conclusões retiradas, mostram-se algumas perspetivas de evolução do mercado fotovoltaico em Portugal.

 

Dados a utilizar

 

​    Para realizar os diversos modelos é necessário dois tipos de dados: perfil de consumo e perfil de produção fotovoltaica. 

 

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